Em uma situação problemática, nossa reação afetiva decorre do modo como percebemos e interpretamos os fatos e condições a que estamos submetidos na vida em sociedade. Reagimos com raiva, medo, frustração, alegria, amor, etc. Passamos um tempo, por pequeno que seja, pensando sobre as estratégias de como podemos resolver as questões problema e, para alguns, um tempo refletindo sobre as consequências de uma ou outra ação escolhida como componente da estratégia de solução. Dependendo das circunstancias e do modo como elas se articulam, o problema poderá ter mais ou menos complexidade. Problemas simples requerem soluções simples, já problemas complexos requerem soluções complexas. Para resolver problemas podemos recorrer a várias estratégias. A mais comum é dividir o problema em problemas menores, de modo que ao combinar as soluções dos problemas menores, estaremos enfrentando a complexidade e resolvendo o problema original. Parece fácil, mas não há receitas prontas. Em termos psicoterápicos, dizemos que um problema que levou anos se instalando, precisará de mais que umas poucas horas para serem resolvidos uma vez que a situação em que ele se encontra decorre de anos de enfretamento sem sucesso. Assim, em consultório o psicoterapeuta se depara com um problema que se instalou ao longo da história de vida do paciente, e que sua experiência com o problema acabou por determinar um esquema de convivência com o mesmo já que se mostrou praticamente insolúvel. Precisamos acreditar que o problema tenha solução, para tanto vamos basear nosso processo de raciocínio em dois princípios: o princípio da necessidade e o princípio da suficiência. O primeiro nos orienta sobre o que é condição para a solução, o segundo aponta para o que basta para que a solução seja encontrada. Assim, não pensamos no que não dá conta do problema (por ser desnecessário) e o no que basta (não se tem que pensar infinitamente no assunto). Exemplo, o problema é enfrentar e solucionar as dificuldades de tempo e outros recursos para cursar a graduação em uma faculdade. Os elementos práticos são: falta de tempo, combinar esforço de trabalho com o esforço de estudo e dar conta das necessidades pessoais. Pensemos no que é necessário: para cumprir com os compromissos financeiros, eu preciso trabalhar 40 horas semanais. Para cumprir os compromissos de estudo eu preciso me dedicar 20 horas semanais em aulas e pelo menos mais 10 horas de estudo extraclasse. Logo, estarei envolvido com o trabalho e estudo por setenta horas semanais. Vejamos, cada dia tem 24 horas, das quais 8 eu dedico ao trabalho e pelo menos seis aos estudos. Teremos então, um excedente de 10 horas que serão utilizadas, para alimentação, higiene e sono. Ao fim de cinco dias na semana, teremos cumprido 40 horas de trabalho, e 30 horas de estudos. Parece-nos que a necessidade está cumprida uma vez que ainda restam o sábado e o domingo para descanso e lazer. Vejamos agora a questão da suficiência. Dependendo da estratégia utilizada para resolver os problemas de trabalho e de estudo, uma avaliação periódica poderá indicar se está ou não havendo êxito na solução do problema. Caso não esteja sendo suficiente, devemos repensar o problema e lançar mão do excedente de horas para colocar em dia as questões do trabalho e/ou do estudo, com o cuidado de não se perder em horas a fio pensando e pensando ou não se concentrando nas medidas efetivas para corrigir o curso das coisas. No trabalho é necessário cumprir metas, e é suficiente que esta seja cumprida dentro do prazo. No estudo é suficiente alcançar boas notas, mas é necessário fazer isso dentro das regras usuais de aprendizagem. Vê-se que há dois indicadores facilmente identificáveis, pelo discurso silencioso do intelecto. Toda vez que dizemos é preciso, estamos falando do que que é necessário e toda vez que falamos “basta que” estamos usando o princípio da suficiência. O sucesso de uma estratégia de divisão do problema em problemas menores e articulados está no uso adequado desses dois princípios. Em linhas gerais funciona assim: para resolver o problema X, é necessário resolver os problemas SX1, SX2, ..., SXn. E, resolvidos os subproblemas, é suficiente que sejam as soluções combinadas para que o problema X seja resolvido. É claro que estamos falando de metas alcançáveis, e de ações mensuráveis. Pouco adianta dividir os problemas que parecem confusos e abstratos em subproblemas com a mesma natureza. Exemplo, se para cursar a graduação eu afirmo para mim mesmo que eu preciso gastar mais tempo estudando e gastar menos dinheiro com lazer, nada contribuí para alcançar a solução uma vez que os dois subproblemas não são mensuráveis, pois o qual é o significado de gastar mais tempo? Vê-se que é vago. Ao invés, diga vou estudar mais uma hora dia e fazer duas horas de estudo de revisão no sábado. O mesmo se vê com o segundo subproblema, é vago afirmar que se vai gastar menos com o lazer, ao contrário, afirme para você mesmo que irá economizar cem reais por mês do orçamento do lazer e vai transformar as horas de lazer em algo produtivo como por exemplo, definir uma sequência de ações para executar no trabalho e colocar o mesmo em dia. Caro leitor, agora pense nos seus problemas do modo como sugerido. Se são muitos, eleja prioridades. Escolha abordar primeiro aquele que tem consequências práticas sobre os outros (necessidade). Use como critério de desempate a urgência, isto é, primeiro o mais urgente. Tenha como regra de controle a avaliação periódica do curso da estratégia de solução. Caso necessário, revise e reponha uma ordem de precedência. Há problemas que surgem no caminho e que devem ser tratados para que se chegue a bom termo. Tenha a solução ao seu alcance. Seja proativo e eficaz. Até a próxima.